A beira do caminho

    Estar no último ano da faculdade te faz parar pra pensar e repensar em muitos aspectos. Um deles seria o meu estágio. Sempre tive vontade  de retornar às minhas margens, às minhas origens, à minha escola.
    Certo dia peguei uma carona no túnel do tempo e voei direto ao meu passado. Retornei à minha sala de aula, pra ser mais exata, retornei ao meu ensino médio, mais especificamente, ao terceiro ano. Pude relembrar as mesmas sensações que estou sentindo hoje, uma sensação de fim, de recomeço, pincelada com um certo desespero.
    Ao pegar essa carona pude notar que muita coisa está diferente. Muita coisa aconteceu. Os alunos já não são os mesmos, as pessoas foram substituídas por aparelhos gastadores de tempo, denominadas como IPHONE, IPAD, e também existe outras espécies... Os meus professores foram substituídos por um sentimento de angústia/agonia, ou muitas vezes, um tipo de ECO procurando alguma montanha, num meio de vale para ressoar.
    Hoje em dia estar numa sala de aula não significa estar, de fato, na mesma sala de aula. A mudança alcançou este lugar, alcançou estas pessoas, alcançou a mim. Entretanto, me preocupo pelo o que ficou no caminho. Perdeu-se o interesse no saber, ficou pelo caminho o interesse em ser "alguém". Também esta no caminho a preocupação dos seus atos.
   É triste notar o tanto de coisa que está à beira do caminho... São diversas bagagens que deveriam ser levadas pelo resto da vida, mas, simplesmente foram deixadas de lado, como um velho brinquedo que perde o seu valor ao seu dono quando ganha uma certa maturidade. Ficou pelo caminho o respeito mútuo, a força de vontade, os sonhos, os valores que deveriam fazer parte do futuro de cada um. Ficou pelo caminho tudo aquilo que na minha geração, mesmo que aos trancos e barrancos, conseguíamos carregar.
    Entristeço-me em ver todas essas bagagens pelo chão. Tenho que confessar que morro de vontade de pegá-las, mas não posso fazer isso, pois a máquina do tempo não permite que eu leve mais bagagens. É uma pena! É uma pena!

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