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Apanhado II

 Cinco anos se distancia de um texto ao outro: Uma pandemia. Quase dois anos isolados. Uma perda significativa na família. Um nascimento não esperado, mas que encheu a casa de alegria. Uma nova Aurora, um novo tempo, muitos aprendizados. Outra perda na família. Agora a conexão com o antepassado não existe mais. Só nas lembranças, só restou as memórias. Já não existe a casa dos avós, só resta dos pais, que agora já  não são mais só meus pais, são avós da minha filha. Quanta mudança em pouco tempo. Mais amadurecimento profissional, mais estudos, novos trabalhos, Tempo de ficar recolhida, crises, terapia Quantas mudanças em tão pouco tempo, que mais me parecem uma eternidade. E MEU DEUS, que saudade!  que saudade de escrever. de colocar no papel não apenas um amontado de palavras, mas de sentimentos!

Apanhado I

 Quanto tempo estive longe das letras a verdade é que as uso com frequência, mas não mais com o mesmo propósito, muito menos com o mesmo entusiasmo infantil. Agora a vida requer um pouco mais de pés nos chãos, cabelos grisalhos e talvez uma xícara de café ao lado  do computador. É notória a falta de prática; as palavras parecem não brotar mais com a mesma força, nem a mesma intensidade como vinha antigamente. Agora existe muito mais razão, do que emoção nas palavras muita mais teoria, do que a prática. A verdade é que envelheci. Não 10, mas 100 anos por dentro. A vida encheu-se de vivências, de perdas, de dores, e também, de cor, novos sabores, novos amores, muita vivência. a verdade é que a página não está mais em branco.
é preciso revisitar velhos hábitos pra se sentir inteiro novamente a vida anda tão abafada, tão sufocada, olho no espelho e não sou mais o mesmo. meu corpo mudou, minha cara, meu cabelo. olho mas não me enxergo não crio, não pinto, não produzo a não ser quando me pagam. o que eu fiz da vida? o que ela fez comigo? o que eu permitir com que ela fizesse comigo? não ser mais inteiro. sou fragmento. um vidro quebrado. uma técnica de remendo japonesa. tentando me reajustar e reencontrar cada pedaço do meu azulejo.
é estranho como a gente esquece algumas coisas, amadurece e começa a criar novos hábitos. esquece-se das senhas, cria-se novas para usar. antes as palavras estavam mais presentes no meu cotidiano. antigamente eu sabia brincar bem com elas. escrevia como quem bebia água. estava acostumada com elas. hoje, engolida pela rotina, mal consigo ler o rótulo de algum produto, que fica em frente à mesa do café. me lembrei desse lugar. de todos os textos que reuni aqui. tudo aquilo que escrevi. são dez anos de histórias, que foram soterrados pelas camadas de teias e poeiras que aqui habitam. é engraçado como a gente muda. nossos gostos mudam, ou são adormecidos. um minuto em silêncio à noite e parece que eles acordam, nem precisa de despertador, só o ritmo acelerado do teclado que ressoa. quando vejo, refaço a senha, obtenho acesso ao blog novamente, ocupo as margens dessa folha em branco com palavras, algumas desconexas, pontuações erradas, sem a gramática certa, sem a melhor sintaxe, apenas pal
A gente arde, queima, dói, ama, amassa, aperta, encolhe, geme, grita, chora e enfim, sente!
Eles riam com o riso inocente De repente, do riso fez-se o grito o líquido escorria pela boca... Sangue!Sangue! Sangue! Senhor Jesus, tenha compaixão de mim! Choro jovem, gente inocente, negro, pardo,branco moleque, pivete, favelado sangue! sangue!sangue derramado! vida tirada por uma bala vida velada na calçada vida que tiramos todo dia choro constante que assola as favelas, morros, becos e ruas vozes caladas, sociedade cega! [TD]
há excesso na falta.