SOBRE CRIATIVIDADE
Certo dia, fui surpreendida por minha filha de dois anos com a seguinte queixa:
— Aponte meus lápis, por favor.
Peguei o apontador que tinha e, prontamente, comecei a apontá-los. Tudo corria bem até o terceiro lápis, quando o apontador parou de rodar.
Tentei mais um pouco. Nada. Tirei a caixinha, abri para ver se alguma ponta estava enroscada na lâmina. Nada.
Foi então que me lembrei da minha infância. Sempre que isso acontecia, usávamos a desculpa perfeita para improvisar um estilete com uma caneta BIC.
Mas não. O objetivo ainda era apontar os lápis da minha filha.
Com o apontador desmontado nas mãos, fui até a cozinha. Peguei uma faca de serrinha, girei o mini parafuso até soltar a lâmina. Depois, levei-a até a pia, abri a gaveta onde guardo o amolador de facas e afiei a lâmina do apontador.
O verdadeiro desafio veio depois: recolocar a lâmina no apontador. Não por causa dela, mas por causa do mini parafuso teimoso, que não encaixava de jeito nenhum. Tentei por uns dez minutos, até, enfim, conseguir.
Continuei a apontar os lápis da minha filha e, como pagamento, recebi abraços e beijos.
Mas então, um pensamento me veio à mente:
"Por que simplesmente não peguei dois reais e fui até a papelaria comprar um apontador novo?" O tempo gasto teria sido o mesmo.
A verdade é que esse ato diz muito mais sobre agir de forma criativa diante das dificuldades do que sobre economizar tempo.
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