SOBRE SEMELHANÇAS

Por muito tempo, busquei me encaixar em caixinhas.

Pulava de uma para outra, mas nenhuma parecia servir. E assim segui, até o dia em que descobri que as caixas não existiam.

Sempre pensei fora da caixa. Nunca enxerguei a vida do mesmo jeito que os outros.
Olhava a fórmula de matemática na lousa, seguia todos os passos que a professora ensinara e, adivinha? O resultado era o mesmo, mas, para mim, sempre faltava uma etapa.

— Volte para sua mesa e refaça como ensinei.

Assim dizia a professora. Assim vivi por muito tempo. Décadas.

Quando entendi que pensar fora da caixa era simplesmente ver o mundo de um jeito diferente, senti alívio.
E esse alívio veio num diálogo entre meu marido e eu, logo após sair do teste de neurodivergência.

A pergunta era simples:

— Você precisa me dizer quais são as semelhanças entre as palavras que eu falar, certo?

— Certo.

— Orelha e olhos.

Minha resposta:

— Ambas estão no rosto.

A resposta do meu marido:

— São sentidos humanos — audição e visão.

Mesma pergunta. Respostas diferentes. Uma demonstra o pensamento lógico. A outra, o pensamento criativo.

Saí daquele teste compreendendo muito mais do que "sentidos humanos". Compreendi, de fato, a sentir a vida e entendi que as caixas, elas não existem. 



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