Fingir e rir?

         Eis que estou na Circular, em plena lotação das 17h40, e vejo um lugar no fundo do ônibus ao lado de duas adolescentes. 
        Caminhei em direção ao lugar e sentei. Logo atrás de mim vinha uma moça cheia de sacolas que tentava passar com dificuldade pela catraca do ônibus. As duas adolescentes que estavam do meu lado começaram a rir sem parar, olhavam para a moça e davam risada. Graças a duas mulheres a moça das sacolas conseguiu um lugar pra se sentar. Eu achando, que aquela postura das duas adolescentes seria de bom tamanho pra me demonstrar o quão desrespeitosas eram, eis que uma vira pra outra e fala: “Ai, esse choro de bebê me dá dor de cabeça". E partir daquela cena, pensei:
       O que me deixa com dor de cabeça não é o fato de um choro de bebê, nem mesmo a super lotação que é a Circular de Assis, muito pelo contrário, o que me deixa com dor de cabeça é ver que a NOSSA geração, a MINHA geração está se tornando uma geração EGOCÊNTRICA e CHEIA de SI. Uma geração preconceituosa, geração cheia de informações e tecnologias, porém analfabetas da vida, do que é respeitar, do que é amar, do que é TER e principalmente: do que é SER HUMANO.
       Hoje podemos notar um monte de adolescentes e jovens que tem o último celular da moda, carro do ano, roupa de marca, mas quando abre a boca só fala besteira, não sabem argumentar, não querem estudar, não querem ter uma consciência, não querem pensar. A resposta que temos desses adolescentes/jovens é: “ Papai que me deu”, “só escuto o que está na moda”, “ano que vem vou fazer cursinho”, ou, “papai vai me bancar numa universidade particular”.
       O que me deixa com dor de cabeça é pensar : qual é o futuro dessa geração? Tenho que confessar que tenho/morro de medo da resposta. Mas, temo ainda mais todos aqueles que não cagam, nem saem da moita. Aqueles que NÃO lutam por seus ideais, aqueles que até sentem vontade de tomar uma decisão, mas acabam sendo influenciados pelo conformismo.
       Me entristeço em ver como estamos, e, principalmente em ver a geração de antigamente -que era denominada como: engajada/lutadora-,e me deparar com a MINHA geração. Me entristeço quando vejo os poucos que tiveram uma postura e de alguma forma estão lutando por seus direitos e são taxados de rebeldes, de loucos, por aqueles que não fazem nada mais do que gastar tempo em redes sociais. Me entristeço em ver a nossa geração tão cheia de bolhas, tão dominada pelo ter, tão robotizadas... Eu queria poder rir, assim como aquelas duas adolescentes, mas eu NÃO consigo! Eu NÃO consigo.

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