O ato de escrever e/ou o primeiro rebento

  Nem sempre escrever foi fácil. Ultimamente tenho comparado o ato de escrever com um primeiro rebento, ou ate mesmo uma "explosão nuclear". 
  Confesso que quando se é adolescente tudo se torna mais fácil, pois se têm tudo a flor da pele, é bem mais fácil escrever, sintetizar, condicionar todo aquele sentimentalismo em palavras. Digo isso por experiência própria, já fiz muito isso- e ainda faço-, mas tenho que me vigiar pra que esse "ato de escrever", não seja apenas um ato qualquer, uma concretização de um sentimento qualquer.No meu ver, esse ato têm que estar ligado com prazer e com a razão, assim como um primeiro filho, assim como será meu primeiro rebento. 
  Poderia aqui tentar concretizar- e quando falo em concretizar é materializar o sentimento, o meu discurso em texto, assim como diria Bakhtin- a "explosão de sentimentalidades" que tenho sentido nesses últimos dias- quiçá, seria mais forte ou igual a uma explosão nuclear-, mas não, acho que o leitor merece mais do que um "diário de uma adolescente" ou "Os Sofrimentos da jovem Dionisio", você, caro leitor merece algo bem mais elaborado, bem mais maduro. Por isso utilizei de um símiles- o ato de escrever com o primeiro rebento- por que acredito que o ato de escrever,o ato de materializar um discurso, deve ser tão doloroso e prazeroso quanto o ato de se ter um filho- no caso, o primeiro rebento-. Deve ser regido de amor, de tesão, de dor, de suor, mas principalmente e não menos importante, de razão.                          Por isso esse "ato de escrever" tem que ser feito com uma certa dificuldade,um certo trabalho- no duplo sentido-;algo que seja para se pensar,parar, olhar, tomar um café, acender um cigarro, tragar, esperar com que a fumaça passe lentamente por entre as narinas e só assim voltar os olhos para o texto e continuá-lo.  

Comentários

  1. Disse bem.
    A medida que ganhamos mais idade, o compromisso de escrever não pode se condicionar a um simples desabafo ou até mesmo declarar amor de forma infantil.
    Existe uma responsabilidade nas letras que colocamos, é preciso falar alguma coisa, oferecer algo que o leitor queira levar para o dia dele.

    E você fez isso aqui, viu?

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