O amor de um carteiro

Todo dia, sempre no mesmo horario, com o mesmo uniforme ; ele chegava. Trazendo em suas mãos um mundo de informações. Ele vinha acompanhado , com o sorriso e sua timidez um tanto quanto afolharada. E por onde passava deixava além das informações, deixava o sentimento. Principalmente da moça que sempre lhe esperava junto a janela.
Ela sempre o esperava a janela,retocava a maquiagem,conforme ele se aproximava. Mas ele nem a notava, talvez seja pelas lentes que usava,ou por que simplesmente não a notava. Era assim quase todo dia,ela acordava e logo o esperava,a todo instante,ela o esperava.
Quem o vê passar com aquele sorriso , mal sabe o diabo que ele carrega, a tempestade que passa em seu coração e quantas marcas ele traz. Penso que é por causa disso que ele não a notava, por ter se iludido tanto e por ter amado tantas vezes errado.
Mas a moça que tinha por nome de Bela(mais não era tão bela assim),o esperava, o admirava,fizesse chuva ou sol.Todas as noites ela tinha um ritual.Acendia uma vela,amarrava uma aliança em um santo e teria que dar três beijinhos na estatua,era pra conseguir marido, dizendo melhor, era para conquistar Rodrigo,o carteiro. Ela só vivia por ele,ela só pensava nele e ele AH! ele nem a enxergava.
Até que um dia ela teve uma brilhante ideia , que na verdade, nem era tão brilhante assim. Resolveu fazer uma pedido qualquer , só para ter Rodrigo por pelo menos um dia. Feito o pedido,Bela esperava anciosamente,com certeza aqueles sete dias uteis , seriam longos.
Rodrigo por sua vez, continuava a passar pela rua, sorrindo e enganando quem o via todo feliz e continuava a não enxergar Bela.Chegado o dia,o tão esperado dia, Rodrigo tocou a campainha;porém ninguém respondeu. E não podia,Bela estava morta, Bela nunca existiu. Tudo não passou de um sonho,tudo não passou do meu sonho. Um desejo de dar a Rodrigo o amor que eu sempre sonhei.

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