"Melhor do que estar em casa, é sentir-se em casa"

Ontem me senti , exatamente, assim: em casa .
Pudemos reunir toda a família (com exceção de algumas pessoas queridas), como nos velhos tempos.
Todos em roda na varanda conversando. Depois tomando lugar em volta à mesa , a fim de preparar-se para a refeição. Para ser como antigamente, faltou o azeite Galo  e o porta-guardanapo fazendo conjunto em cima da mesa.
Foi como viajar no tempo... Lembrar de cada detalhe da casa: o relógio antigo na parede, o esconderijo das guloseimas, olhar para a pia e ter uma memória olfativa do detergente Ypê de Maçã, ver a lavanderia e escutar o som da máquina de lavar trabalhar. Correr pelo quintal da casa com a prima e o irmão, sendo fechada pelo portão lateral. Dar "oi" para quem estava no quarto pendurada na janela. Lembrar da minha vó com seu avental cor de rosa bem clarinho gasto pelo tempo e a colher de pau na mão perguntando se aceitava mais leite com Toddy na caneca marrom.
E quando achei que não podia haver mais lembranças, aparece um lindo quadro floral para dar um nó na garganta, pois eu sabia para quem e por quem  ele tinha sido feito. E para minha surpresa foram ditas tais palavras: "esse é o seu presente " .
Escutar aquilo naquele instante foi como receber uma grande herança ( que de certa forma não deixa de ser), ou achar o mais valioso tesouro. Chega ser engraçado porque por mais que eu saiba que aquilo é "apenas" um belo quadro, pra mim, resulta numa coisa maior. Trata-se de um pedaço da nossa história, uma lembrança que daqui alguns anos passará para outras gerações.
Assim como esses momentos relembrados, que ninguém tira de mim. É o que permanece pra sempre fincado na nossa alma. Estórias que serão passadas para as próximas crianças, com o intuito de manter viva nossa história, nossa origem, nossa casa.

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